MARYLAND, Estados Unidos — Depois de passar 15 anos usando uma máscara e vivendo praticamente recluso, Richard Lee Norris, de 37 anos, morador de Hillsville, na Virginia, ganhou um novo rosto, no transplante facial mais completo já realizado até hoje. Desfigurado por um tiro acidental, o americano recebeu novos dentes, nariz e mandíbulas e parte da língua, além de tecido facial do couro cabeludo até a base do pescoço. A cirurgia de 36 horas foi realizada por especialistas do Centro Médico da Universidade de Maryland.
Uma semana depois da complexa intervenção, Norris se recupera bem, dizem os médicos, e já está conseguindo escovar os dentes e se barbear. Três dias após o acidente, ele também já recuperara o olfato, perdido em decorrência do acidente.
Selecionado entre cinco possíveis candidatos à cirurgia, Norris vivia com os pais e fazia suas compras à noite, para chamar o mínimo de atenção. À época do acidente, tinha acabado de completar o colégio e estava empregado. Os amigos, aos poucos, foram rareando. O médico Eduardo Rodriguez disse à agência de notícias Associated Press que a equipe espera que ele agora possa voltar a ter uma vida normal.
— É uma experiência surreal olhar para ele, é difícil não encará-lo. Antes, as pessoas olhavam para o Richard porque ele usava uma máscara, e elas queriam ver a deformidade. Agora, elas têm uma outra razão para observá-lo, e isso é muito surpreendente — disse o médico. — O ferimento acidental destruiu tudo. Seus amigos e colegas de escola foram seguindo em frente, casando, tendo filhos, comprando casas. Daqui para frente, Richard também quer fazer todas estas coisas.
Rodriguez mostrou uma foto de 1993 de Norris, outra tirada logo após o acidente, com a boca e o nariz achatados no rosto e, a seguir, uma terceira imagem feita na última segunda-feira, após o transplante, em que, apesar das cicatrizes e do inchaço consequentes da intervenção, já se vislumbrava um rosto absolutamente normal.
— Embora agora tenha a face do doador, Richard não se parece com ele — explicou Rodriguez. — É uma combinação dos dois indivíduos, uma verdadeira mistura.
A visão de Norris também foi muito afetada pelo acidente. Devido às numerosas cirurgias reconstrutivas por que passou, sua fronte e seu pescoço eram um amontoado de tecidos e cicatrizes. Ele não tinha dentes nem nariz, e manteve apenas uma parte da língua, graças ao que preservou o paladar.
Os médicos não deram detalhes sobre o doador, obedecendo ao desejo de privacidade de sua família. Disseram apenas que ele teve órgãos doados para várias pessoas, e que os parentes foram consultados especificamente sobre a possibilidade de usar partes de sua face.
O momento mais dramático da cirurgia foi aquele em que a equipe terminou de remover todas as tentativas prévias de reconstrução do rosto de Norris, contaram. Tudo o que restou a ele naquele momento foram parte da língua e uma mínima proteção para os olhos.
— A esta altura, nós tínhamos que ser bem-sucedidos — contou Rodriguez. — Norris precisará fazer revisões mínimas, mas serão procedimentos ambulatoriais.
Este foi o 23 transplante de rosto já realizado. O primeiro ocorreu há sete anos, e a primeira pessoa a receber um transplante total de face, em 2005, foi uma francesa violentamente atacada por seu cão.
O Departamento de Defesa americano vem financiando transplantes de rosto e mãos de soldados feridos em missões no Iraque e no Afeganistão. No caso da Universidade de Maryland, as pesquisas que resultaram no início das cirurgias foram financiadas pelo Escritório de Pesquisa Naval, e os médicos disseram esperar que, em breve, eles possam operar militares.
De acordo com Rolf Barth, outro cirurgião da instituição, as pesquisas mostraram que transplantes envolvendo grande quantidade de medula óssea, com seu próprio suprimento de sangue, têm pouca ou nenhuma rejeição. Ele explicou que Norris precisará tomar drogas imunossupressoras para o resto da vida, para evitar rejeição. Mas ressaltou que o transplante de mandíbulas pode fazer com que precise de menos medicamentos e possa dispensar os esteroides.
— Ele era o paciente perfeito para que pudéssemos pôr em prática o que descobrimos no laboratório — disse Barth.
Uma semana depois da complexa intervenção, Norris se recupera bem, dizem os médicos, e já está conseguindo escovar os dentes e se barbear. Três dias após o acidente, ele também já recuperara o olfato, perdido em decorrência do acidente.
Selecionado entre cinco possíveis candidatos à cirurgia, Norris vivia com os pais e fazia suas compras à noite, para chamar o mínimo de atenção. À época do acidente, tinha acabado de completar o colégio e estava empregado. Os amigos, aos poucos, foram rareando. O médico Eduardo Rodriguez disse à agência de notícias Associated Press que a equipe espera que ele agora possa voltar a ter uma vida normal.
— É uma experiência surreal olhar para ele, é difícil não encará-lo. Antes, as pessoas olhavam para o Richard porque ele usava uma máscara, e elas queriam ver a deformidade. Agora, elas têm uma outra razão para observá-lo, e isso é muito surpreendente — disse o médico. — O ferimento acidental destruiu tudo. Seus amigos e colegas de escola foram seguindo em frente, casando, tendo filhos, comprando casas. Daqui para frente, Richard também quer fazer todas estas coisas.
Rodriguez mostrou uma foto de 1993 de Norris, outra tirada logo após o acidente, com a boca e o nariz achatados no rosto e, a seguir, uma terceira imagem feita na última segunda-feira, após o transplante, em que, apesar das cicatrizes e do inchaço consequentes da intervenção, já se vislumbrava um rosto absolutamente normal.
— Embora agora tenha a face do doador, Richard não se parece com ele — explicou Rodriguez. — É uma combinação dos dois indivíduos, uma verdadeira mistura.
A visão de Norris também foi muito afetada pelo acidente. Devido às numerosas cirurgias reconstrutivas por que passou, sua fronte e seu pescoço eram um amontoado de tecidos e cicatrizes. Ele não tinha dentes nem nariz, e manteve apenas uma parte da língua, graças ao que preservou o paladar.
Os médicos não deram detalhes sobre o doador, obedecendo ao desejo de privacidade de sua família. Disseram apenas que ele teve órgãos doados para várias pessoas, e que os parentes foram consultados especificamente sobre a possibilidade de usar partes de sua face.
O momento mais dramático da cirurgia foi aquele em que a equipe terminou de remover todas as tentativas prévias de reconstrução do rosto de Norris, contaram. Tudo o que restou a ele naquele momento foram parte da língua e uma mínima proteção para os olhos.
— A esta altura, nós tínhamos que ser bem-sucedidos — contou Rodriguez. — Norris precisará fazer revisões mínimas, mas serão procedimentos ambulatoriais.
Este foi o 23 transplante de rosto já realizado. O primeiro ocorreu há sete anos, e a primeira pessoa a receber um transplante total de face, em 2005, foi uma francesa violentamente atacada por seu cão.
O Departamento de Defesa americano vem financiando transplantes de rosto e mãos de soldados feridos em missões no Iraque e no Afeganistão. No caso da Universidade de Maryland, as pesquisas que resultaram no início das cirurgias foram financiadas pelo Escritório de Pesquisa Naval, e os médicos disseram esperar que, em breve, eles possam operar militares.
De acordo com Rolf Barth, outro cirurgião da instituição, as pesquisas mostraram que transplantes envolvendo grande quantidade de medula óssea, com seu próprio suprimento de sangue, têm pouca ou nenhuma rejeição. Ele explicou que Norris precisará tomar drogas imunossupressoras para o resto da vida, para evitar rejeição. Mas ressaltou que o transplante de mandíbulas pode fazer com que precise de menos medicamentos e possa dispensar os esteroides.
— Ele era o paciente perfeito para que pudéssemos pôr em prática o que descobrimos no laboratório — disse Barth.
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